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quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Abadia de Jumièges: onde a oração dos monges atraia as bênção de Deus para perdoar a humanidade pecadora

Jumièges, na Normandia, França
Jumièges, na Normandia, França
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Continuação do post anterior: Abadia de Jumièges: em pé atraia as bênçãos de Deus. Hoje em ruínas, quem reza por nós?



À margem da história da abadia, ocorreu a história da Normandia. Em 1066, Guilherme, chamado o bastardo, conquistou a Inglaterra.

Por isso é conhecido como Guilherme, o Conquistador, tendo grande parte da nobreza inglesa origem normanda. Mais tarde alguns de seus descendentes se ilustrariam nas Cruzadas, como Ricardo Coração de Leão.

Outro normando igualmente conquistador foi Roberto de Hauteville, dito Roberto Guiscard, que organizou uma expedição à Itália meridional para arrebatar todo o sul da península aos bizantinos e a Sicília aos sarracenos.

Assim, as espadas de antigos bárbaros serviram à Cristandade contra os infiéis.



"Deus escreve direito por linhas tortas”, diz um ditado brasileiro. É bem o caso. Um povo bárbaro se civilizou e tornou-se ilustre.

A milenar abadia de Nossa Senhora de Jumièges só foi destruída em 1790, mais de mil anos depois de sua fundação, pelo ódio dos asseclas da Revolução Francesa.

Suas pedras foram colocadas à venda, como se tratasse de uma pedreira. Visitando em 1835 o que restou desse augusto monumento, Victor Hugo ficou impressionado por sua beleza.

Por sua vez, o historiador Robert de Lasteyrie du Saillant considerou-a uma das mais admiráveis ruínas existentes na França. Ainda em nossos dias, elas atraem visitantes aos milhares.

Como pode uma ruína causar tanta impressão nos espíritos?

Monges cartuxos rezam o Ofício Divino, no mosteiro da Grande Chartreuse, nos Alpes
Monges cartuxos rezam o Ofício Divino,
no mosteiro da Grande Chartreuse, nos Alpes
Em Jumièges viveram almas que abraçaram o sofrimento e o anonimato por amor de Deus. Ali praticaram a humildade na oração, no estudo e no trabalho.

A Regra de São Bento considera o ócio como inimigo da alma. Por isso ela estabelece que os monges devem alternar, em horas fixas, oração, leitura espiritual e trabalhos manuais. “Ora et labora” é a divisa da Ordem.

Assim, além do canto do Ofício e outras orações em comum, uma parte do dia beneditino é consagrada ao trabalho manual — sem o qual a comunidade não poderia subsistir.

E cada mosteiro deve bastar-se a si mesmo, a fim de conservar a liberdade na prática da Regra e da virtude.

Também o indispensável trabalho intelectual, sem o qual os monges não poderiam cultivar a própria alma. Por isso, muitos deles passavam grande parte do seu tempo a ler e copiar manuscritos.

Isso explica por que os mosteiros se tornaram centros de vida intelectual e focos de santidade, além de formar verdadeiros artistas na cópia e iluminura de manuscritos.

O Inimigo por excelência de toda ordem, de todo esplendor, de toda hierarquia, de toda harmonia, de toda desigualdade, e, em consequência, de toda variedade entre os seres da Criação, é o que Prof. Plinio Corrêa de Oliveira designou de Revolução.(Revolução e Contra Revolução, Catolicismo nº100, abril/1951)

Onde há amor às desigualdades harmônicas e proporcionadas, há ordem. Onde existe ordem, há amor de Deus, porque Ele é o Autor de todas as desigualdades proporcionadas e retas.

Ruínas da abadia de Jumiège na Normandia
Ruínas da abadia de Jumiège na Normandia
Os normandos amaram as desigualdades e a ordem nascida da Europa medieval, por isso compreenderam a grandeza da Religião cristã, ou seja, católica, apostólica romana.

Também por isso a Revolução Francesa, em todas as suas fases e formas, foi o inimigo mais daninho à Cristandade no tocante à ordem temporal.

Como o é em nossos dias em relação à verdadeira Religião católica o chamado progressismo, inimigo de todas as sãs desigualdades e, portanto, do próprio Deus.

E quando se ama a Deus de espada em punho como o fêz Santa Joana d'Arc, ou de terço na mão como tantos santos, compreende-se o valor da luta.

Quando se ama a Deus a ponto de dar a vida por Ele, a alma emite, por assim dizer, um perfume próprio que a todos conquista.

Só uma alma que soube lutar e sofrer, como a de Santa Teresinha, pode conquistar outras almas para a verdadeira Igreja, hoje devastada pelos mais abomináveis inimigos internos de todos os tempos.

No contexto da França – e mesmo da França revolucionária de hoje –, a Normandia é um jardim, no qual se destaca uma flor: Santa Teresinha do Menino Jesus…

Representando o papel de Santa Joana d'Arc, ela foi uma insigne batalhadora de espada na mão contra os infiéis. Mas, sobretudo, foi a continuadora dos contemplativos de Jumièges, conquistadores de almas e de heróis!


(Autor: Gabriel J. Wilson, in “Catolicismo”, junho de 2016).


Quando a abadia de Jumièges não estava em ruínas, França






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